Esses dias estava conversando com minha mãe, e ela me contou uma
conversa que teve com meu filho mais velho, o de 9 anos. Perguntava pra
ele como estava indo a escola, pois sabia que sua adaptação ao novo país -
principalmente ainda não falando a língua - deveria estar dificil... Ouvi algo
que me surpreendeu. Não da adaptação dele, pois estava sendo realmente
dificil como eu imaginava; mas pela capacidade do meu menino, de colocar em
palavras algo tão maduro, que muitas vezes nós adultos sentimos mas não conseguimos
descrever.
“Vó, estou gostando da escola, mas sabe uma coisa que me deixa triste?
Eles não sabem quem eu sou. Eles sabem meu nome, sabem que eu estou lá.
Mas eles não sabem quem sou eu de verdade, minha história, o que eu já aprendi,
o que eu já sei. Eu não falo inglês, então as pessoas ficam me tratando
como se eu não soubesse nada! Eles não sabem que eu era um bom aluno, que
eu sou ótimo em matemática, que eu sei muito da história dos Estados Unidos e
do Brasil também, que eu sou bom em Geografia, e que eu leio e escrevo muito
bem em Português! Aqui eles pensam que eu não sei nada... só porque eu
não falo inglês. Eles me dão as respostas das atividades, a professora
arma as contas dos problemas de matemática, praticamente fazem tudo pra mim, e
eu fico sem desafios. Eu, as vezes, acho que fico sem aprender!”
Então a vovó perguntou “mas meu filho, você é o único da sua sala
com dificuldades no inglês?” “Não Vó. Tem mais uns 3. E tem um outro
menino, que fala espanhol, não sei de que país ele é, mas ele é bem quietinho,
não fala nada. Eu ainda tento, levanto a mão e tento responder, e
respondo certo! Mas ele não. Só fica quietinho”. Daí veio a
pergunta, que como ela mesmo disse, foi um grande erro: “Caramba meu filho,
então a situação dele é ainda pior que a sua?” E veio a lição: “Vó, não
diga isso! Você não sabe quem ele é! Você não sabe se ele é um
excelente aluno, campeão das Olimpíadas de Matemática no país dele, ótimo em
Ciências, a gente não sabe!! Ele só não fala inglês!! Só isso.”
Não tem como não parar pra pensar nisso, não é verdade? Quantas
vezes julgamos por não conhecer, não saber quem a pessoa julgada realmente
é! E também ao contrário, quantas vezes nos sentimos um “nada”, quando na
verdade temos tanto conhecimento, e temos tanto a oferecer; mas só conseguimos
enxergar o único ponto que ainda não dominamos.
Com muita sabedoria o salmista declara “Senhor,
tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me
levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando
trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos. Antes
mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.” (Salmos
139:1-4)
Como é bom saber que quem realmente importa nos conhece de verdade:
Nosso Criador! Ele sabe quem somos, Ele sabe o que sentimos, Ele sabe de nossa
história, e sabe tudo que já aprendemos! Nele podemos confiar, e com Ele
podemos contar!
Vovó explicou pra meu filho que essa situação é extremamente passageira,
que logo, logo ele estará dominando a língua e todos poderão saber quem ele
realmente é. Que ele será conhecido não só como um bom estudante do
Brasil, mas um bom aluno dos Estados Unidos também! O momento agora é de
aprendizagem, não só para meus filhos, que estão se adaptando na escola, mas
pra todos nós, que estamos vivendo esse novo tempo em nossas vidas. Aprender é
difícil, mas temos um Deus que nos conhece, que sabe exatamente quem somos, o que
sentimos e do que precisamos! N’Ele a gente pode confiar!!
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